A sabedoria de saber quando falar e quando calar
Vivemos uma época de polarização, onde as pessoas escolhem, passionalmente, posicionamentos e trocam argumentos por xingamentos, agressões e falseamento de notícias. Num mundo amoral, onde tentam justificar os meios pelos fins, como lidar com essas paixões?
Em meio a tantos radicais, como ficam as argumentações? Quando as paixões são o motivo do falar Qual o destino dos cidadãos?
Quando uma pessoa resolve escolher uma cor para torcer pelo lado A ou B, os argumentos se perdem em meio ao barulho passional. Nesse tipo de situação, tal pessoa pode até argumentar, mas não visa à busca da verdade da coisa e sim à defesa de sua paixão. Logo, quem contra-argumentar não se deparará com uma dialética válida: estará tão-somente diante de uma disputa de lados.
Argumentar ao inflamado é dar flores aos leões Que como cães enraivecidos querem de ti alimentar-se. Ocupar-se com argumentos ali é enganar-se. É perder-se na cegueira de falar a surdos cegos.
Não entre na disputa por lados, foque na busca pela retidão, pelo direito, pela justiça e verdade. Lembram-se da resposta de Jesus, quando Pilatos lhe perguntou o que é a verdade? Ela foi o silêncio; afinal, Jesus já havia dito que Ele é a Verdade, o Caminho e a Vida. Note que às vezes a opção do outro por não ouvir não é percebida por quem deseja falar. Mas a capacidade de perceber o momento de silenciar é um dom que pode solucionar muitas situações indesejáveis.
Nem todo que pergunta quer resposta. Nem todo que fala quer ouvir. E nem tudo do alimento vira o que se gosta.
É preciso desenvolver a inteligência emocional que proporciona enxergar quando se está diante de um passional e saber refrear o ímpeto argumentativo. É preciso saber se o passional não somos nós mesmos. Falar ou não falar, eis o ponto de correção!
Com Sócrates encontrei, da sabedoria, a humildade. Com Santo Agostinho, a sinceridade. Com São Tomás, a dialética. E no silêncio, a verdade.
Maceió, 11 de novembro de 2019 (Na Tribuna, 12/11/2019. Na revista Pio, 03/02/2020).
Alisson Francisco Rodrigues Barreto1
1Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo, bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), autor do livro “Pensando com Poesia” e do blog Alisson Barreto (outrora denominado de “A Palavra em palavras”). Este, desde 2011, na Tribuna (TribuaHoje.com).
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